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Petição - Penal - Objeto reapreciação da matéria


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Objeto reapreciação da matéria

 

EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA VARA DAS EXECUÇÕES PENAIS DA COMARCA DE __________________ - UF

Pec n.º ______________





____________, reeducando da ____________, em regime semi-aberto, pelo Defensor Público subfirmado, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, nos autos em epígrafe, ciente da decisão de folha ____________, interpor, no qüinqüídio legal, o presente recurso de agravo, por força do artigo 197 da Leis das Execuções Penais, sob o rito previsto pelo artigo 581, e seguintes, do Código de Processo Penal.


ISTO POSTO, REQUER:

I.- Recebimento da presente recurso com as razões em anexo, abrindo-se vista a parte contrária, para, querendo, oferecer sua contradita, remetendo-o - ressalvado o juízo de retratação, por força do artigo 589 do Código de Processo Penal - ao Tribunal ad quem, para a devida e necessária reapreciação da matéria alvo de férreo litígio.

II.- Para a formação do instrumento, além da guia de expediente, requer sejam trasladadas, as seguintes peças dos autos principais:

a) sentença de folhas ____________.
b) certidão constante à folha _______.
c) declaração de emprego à folha ____.
d) promoção ministerial de folhas ______.
d) despacho denegatório do pedido de trabalho externo de folha ___________.
f) intimação da decisão objeto de revista, processada ao firmatário em ______________.




Nesses termos,
pede deferimento.


________, __ de ________ de 2.00_.


__________________
OAB/UF





EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ______________________

COLENDA CÂMARA JULGADORA

ÍNCLITO RELATOR.




“A laboraterapia é a pedra de toque de toda a moderna Penalogia. O trabalho acaba com a promiscuidade carcerária, com os malefícios da contaminação dos primários pelos veteranos delinqüentes, e dá ao condenado a sensação de que a vida não parou e ele continua um ser útil e produtivo, além de evitar a solidão, que gera neuroses, estas, por sua vez, fator de perturbação nos estabelecimentos penais e fermento de novos atos delituosos” (RUI MEDEIROS, PRISÕES ABERTAS, 1985, p. 61)


RAZÕES AO RECURSO DE AGRAVO FORMULADAS EM FAVOR DO REEDUCANDO:

Volve-se, o presente recurso, contra decisão interlocutória mista, exarada pela notável e operosa julgadora monocrática substituta da Vara das Execuções Criminais da Comarca de _____________, DOUTORA ________________, a qual indeferiu pedido de trabalho externo formulado pela apenado, sob a premissa de o mesmo não contar com 1/6 (um sexto da pena) cumprida, embora ciente e cônscia de que o regime prisional do agravante é o semi-aberto.
Postula o agravante o entendimento que a fração de 1/6 (um sexto) do cumprimento da pena, somente exigível para o regime fechado, para obtenção do serviço externo.
Situação inversa ocorre com o apenado no regime semi-aberto, o qual possui tal direito (serviço externo) independentemente do cumprimento de 1/6 (um sexto da pena).
Outrossim, o artigo 35 do Código Penal, que traça as diretrizes do trabalho externo ao apenado classificado no regime semi-aberto, não formula qualquer exigência de cumprimento parcial da pena, para seu deferimento.
Ao encontro da tese aqui esposada é a mais lúcida e estimável jurisprudência, derivada da impetração de habeas corpus, julgado em 16 de julho de 1998, adicto a 2ª Câmara Criminal de Férias do TJRS, sendo relator o Desembargador, MARCO ANTÔNIO BANDEIRA SCAPINI, o qual por sua relevância e similitude ao caso submetido à desate, revela-se imperiosa sua reprodução, em seu fragmento final:
“...Verifica-se, por outro lado, que o paciente postulou o benefício do serviço externo, que foi indeferido, após ouvida do Ministério Público. O argumento para o indeferimento foi o de que o apenado não satisfaz o requisito temporal. Referiu-se a MMª. Juíza de Direito, certamente, ao requisito do art. 37, da LEP, de cumprimento mínimo de 1/6 da pena".

Neste ponto, parece-me, há constrangimento ilegal. O regime estabelecido na sentença para o início da execução da pena é o semi-aberto, e o disposto no art. 37, parte final, da LEP, vigora, apenas, em relação ao regime fechado. Para o trabalho

externo, nos regimes aberto e semi-aberto, a Lei não estabelece prazo, podendo o benefício ser requerido desde o início do cumprimento da pena. Aliás, no regime aberto, o trabalho externo é condição (art. 114, I da LEP).
Se a Lei não estabelece prazo, não é lícito ao Juiz fazê-lo. Neste sentido já decidiu a egrégia 2ª Câmara Criminal, do TJRGS:
"Trabalho externo. Denegação, em primeira instância, porque o preso não cumpriu 1/6 da pena, no regime semi-aberto. Interposição de agravo, visando a reforma da decisão. O trabalho externo, nos regimes semi-aberto e aberto é disciplinado exclusivamente nos artigos 35 e 36, da Lei nº 7.209/84 e neles não se encontra nenhuma exigência de cumprimento mínimo de 1/6 da pena do réu. Provimento do agravo. Unânime". (TJRGS, Recurso de Agravo nº 692005861 - Rel. Juiz Nilo Wolff)´

Assim, também, no julgamento do agravo nº 696123231:
"Agravo. O trabalho externo, nos regimes semi-aberto e aberto é disciplinado exclusivamente nos arts. 35 e 36 da Lei nº 7.209/84, e neles não se encontra nenhuma exigência de cumprimento mínimo de um sexto da pena do réu". (resumo) (TJRGS, Recurso de Agravo nº 696123231 - Rel. Juiz Antônio Carlos Netto de Mangabeira).
Na prática, a exigência de cumprimento de 1/6 da pena, quando o regime original da condenação é o semi-aberto, faz com que o condenado perca o emprego, quando o tem, e deixe a família desamparada por longo período, permanecendo recolhido como se o regime fosse o fechado. Com isso, resta subvertida a finalidade preponderante da execução penal, que é a de "proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado". (Art. 1º, da LEP). Ressalto que, no caso, o crime foi cometido em 1976 e, desde então, não se tem notícia de outros fatos praticados pelo paciente, o que denota ausência de periculosidade. Ademais, o paciente, segundo consta, é casado e tem filhos menores para sustentar.
Por esses motivos, denego a ordem, concedendo, no entanto, de ofício, Habeas Corpus, para deferir o serviço externo
No mesmo norte perfilha-se acórdão originário da apelação crime n.º 50.717-5, o qual aborda a concessão de trabalho externo, independentemente do cômputo da fração de 1/6, compilado por MAURÍCIO KUEHNE, in, LEI DE EXECUÇÃO PENAL ANOTADA, Curitiba, 1999, Juruá Editora, à páginas 88/89, cujo decalque, ainda que parcial assoma inarredável:

“O art. 34, § 3º, do Código Penal, admite o trabalho externo, mesmo no regime fechado, em serviços e obras públicas; e o art. 35 o admite, bem como a freqüência a cursos supletivos e profissionalizantes, de instrução de 2º grau ou superior, ao condenado que inicie o cumprimento em regime semi-aberto.
Desta forma, poderia o Juiz autorizá-lo, e não se discute".

Brande-se, porém, o art. 37 da Lei da Execução Penal, repete-se, como excludente da admissão desse regime, porque não cumprido ainda 1/6 da pena.
Ora, esse imposição não de dirige ao Juiz sentenciante, mas à direção do estabelecimento penal onde se encontrar o réu, dependente também de dados de que só ela dispõe: ‘a aptidão, a disciplina e a responsabilidade’, que só elas autorizarão a medida, obviamente, após a experiência e o conhecimento que do réu tenha o executor da pena - e por isso se exige o cumprimento mínimo de 1/6 da pena período probatório.
“Tenha-se, por fim, em conta a nova filosofia da execução penal, como definida no novo texto, objetivando, tanto quanto possível, a sempre procurada recuperação do réu e valorizando os elementos que a propiciem ou facilitem".
Dentre eles - e não devemos deter nesse exame, na simplicidade deste voto, proferido à pressa, para atender ao exigente interesse da acusação: recebidos os autos ontem, 19, à noite - o do trabalho é dos mais valorizados.

Com efeito não há instrumento mais eficaz de recuperação, de estímulo à reintegração social, do que o trabalho, sobretudo aquele ao qual se entregava habitualmente o condenado, ante da prática do delito, para manter-se e aos seus.
Se não deve o Juiz ampliar demasiadamente a compreensão da norma, também não há de decidir como se não existisse, e na linha que a filosofia do texto indica.
Tanto mais quando o objetivo da lei é a recuperação do réu, não a desgraça, e menos ainda a que se execute a família, como anatematizava ROBERTO LYRA:
“Atualmente, o que se ‘executa’ não é o sentenciado. O objeto passa a sujeito...”
Na prisão também executa-se o homem, diretamente. ‘Executa-se’ a família, dissolvendo, de fato, a sociedade conjugal e a comunhão de vida com a viuvez e a orfandade virtuais. Piores, porque com o marido e os pais vivos (fls. 123)
Sobremais, se pesa sobre o agravante um jugo, que lhe foi legado pela sentença, tal grilhão não poderá ser-lhe exacerbado, sob pena de se converter em verdadeiro martírio.
Rememore-se, por oportuno, as sábias palavra do Papa JOÃO XXIII (+) de imortal memória, na carta encíclica, PACEM IN TERRIS, quando exorta:
“Hoje em dia se crê que o bem comum consiste sobretudo no respeito aos direitos e deveres da pessoas humana. Orienta-se, pois, o empenho dos poderes públicos sobretudo no sentido de que esses direitos sejam reconhecidos, respeitados, harmonizados, tutelados e promovidos, tornando-se assim mais fácil o cumprimento dos respectivos deveres. A função primordial de qualquer poder público é defender os direitos invioláveis da pessoa e tornar mais viável o cumprimento dos seus deveres.
Por isso mesmo, se a autoridade não reconhecer os direitos da pessoa, ou os violar, não só perde ela a sua razão de ser como também as suas injunções perdem a força de obrigar em consciência”. (60/61)

Ademais, o instituto do trabalho externo, possui nítido escopo de beneficiar o apenado, na medida em que o mesmo revela-se dócil ao trabalho diário (seja este braçal e ou intelectual) proscrevendo a ociosidade que sabidamente é a mãe dos vícios, afora exorcizar-se a prostração infecunda, outra mazela, a ser banida da prisão, mediante o desprendimento diário do reeducando.
Consoante proclamado pelo apóstolo e doutor do gentios, São Paulo, “somente o trabalho humano dignifica a pessoa”, considerada, esta, em sua tríplice dimensão de ente bio-psico-social.
Conseqüentemente, a decisão guerreada, por se encontrar lastreada em premissas inverossímeis, estéreis e claudicantes, clama e implora por sua retificação, missão, esta, reservada aos Sobreeminentes Desembargadores, que compõem essa Augusta Câmara Criminal.

ANTE AO EXPOSTO, REQUER:

I.- Seja conhecido e provido o presente recurso de agravo, para o fim especial de desconstituir-se a decisão atacada, concedendo-se ao agravante o trabalho externo, cotejado-se, para tanto, aos argumentos dedilhados linhas volvidas.
Certos estejam Vossas Excelências, mormente o Insigne e Preclaro Desembargador Relator do feito, que em assim decidindo, estarão julgando de acordo com o direito, e, sobretudo, restabelecendo, perfazendo e restaurando, na gênese do verbo, o primado da JUSTIÇA!



_____________, em __ de ________ de 2.00__.


_______________________
OAB/UF


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