Saber detectar se a empresa onde se passou os últimos anos é de fato um bom 
lugar para trabalhar é fundamental para o desenvolvimento de uma carreira de 
sucesso. Mas como identificar o momento em que ela deixa de ser o melhor 
ambiente para o seu crescimento? Quais são os fatores importantes na hora de 
decidir por sair ou permanecer no emprego?
Para ajudar você nesta reflexão, VOCÊ S/A ouviu especialistas em carreira e 
formatou, com base no livro Primeiro Quebre Todas as Regras O Que os Maiores 
Gerentes do Mundo Fazem Diferente (Ed. Campus/Elsevier), um roteiro para que 
você descubra se tem ou não um emprego em que vale a pena continuar investindo. 
Responda sim ou não às perguntas, depois veja a importância de refletir a 
respeito de cada uma delas e confira suas perspectivas no final. 
1 - A missão da minha empresa faz-me sentir que meu trabalho é importante?
( ) SIM ( ) NÃO 
A identificação com as metas da empresa é refletida diretamente em sua 
produtividade diária e na paixão pela atividade que desempenha. Nutrir um 
sentimento de orgulho pelo local de trabalho e acreditar nas diretrizes da 
empresa fazem com que o executivo se sinta parte importante de uma missão. 
'Fique preocupado quando você tem vergonha de dizer qual é o seu local de 
trabalho, pois certamente não se identifica com ele', diz Karin Parodi, da 
consultoria paulista Career Center.
2 - Sei o que esperam de mim no trabalho? 
( ) SIM ( ) NÃO 
Um dos maiores desafios do mundo corporativo é disseminar uma política 
consistente de comunicação entre os profissionais. Cultivar a transparência no 
dia-a-dia é fundamental para evitar conflitos, tornar as atividades mais ágeis e 
reduzir as possibilidades de erros. Afinal, nada como conhecer exatamente as 
expectativas da empresa em relação ao seu trabalho para saber como conduzir suas 
tarefas e, se for o caso, mudar sua estratégia. O principal responsável por 
passar essas diretrizes com clareza é o seu líder imediato. Sem esse feedback, 
fica difícil identificar problemas e aproveitar as chances de crescer na 
empresa. 'Caso essa orientação não ocorra sistematicamente mesmo depois de 
algumas conversas, avalie se é um problema da sua liderança ou da empresa como 
um todo', diz Marcia Hasche, consultora da Valor Pessoal, de São Paulo.
3 - Meu supervisor, ou alguém mais no trabalho, parece preocupar-se comigo 
como pessoa? 
( ) SIM ( ) NÃO 
Na sua empresa, você é visto como apenas mais um elemento produtivo ou é 
considerado por seus líderes um profissional com perspectivas únicas de 
crescimento? Uma empresa saudável incentiva o respeito e a consideração 
individual. Ao contrário das organizações que enxergam as equipes como meras 
executoras de projetos, uma boa empresa sabe inspirar e estimular os 
funcionários considerando suas características pessoais. 'É inconcebível que a 
liderança não tenha uma preocupação genuína com a vida e o futuro de seus 
funcionários', avalia Marcia Hasche. 
4 - Recebo com freqüência reconhecimento ou elogio por meu bom trabalho? 
( ) SIM ( ) NÃO 
Receber um aumento salarial ou bônus por metas cumpridas pode fazer milagres no 
ambiente corporativo. Mas nem sempre a remuneração é o item mais importante para 
que um profissional se sinta valorizado. Afinal, nada como um elogio à 
performance individual para estimular e reforçar a auto-estima. 'O chefe que não 
elogia nunca é apenas um chefe, não um líder. Quem não consegue demonstrar como 
avalia um trabalho não ajuda no crescimento do profissional', diz o consultor 
Willian Bull, consultor de Human Capital da Mercer Human Resource Consulting, de 
São Paulo. Ao motivar alguém por meio de um elogio, os líderes concentram-se nas 
forças, não nas fraquezas dos funcionários. É uma espécie de termômetro: se você 
não ouve há muito tempo uma palavra de reconhecimento, talvez seja hora de 
encerrar mais um ciclo profissional.
5 - No trabalho, tenho oportunidade de fazer o que faço de melhor todos os 
dias? 
( ) SIM ( ) NÃO 
Um ponto importante para saber se vale ou não a pena construir a carreira em 
uma determinada empresa é observar se você consegue aplicar suas principais 
competências no trabalho diário. Uma empresa que não oferece desafios freqüentes 
e oportunidades individuais de desenvolvimento age como uma verdadeira âncora na 
carreira de um executivo prendendo-o a um desempenho aquém de suas 
potencialidades. Um dos principais sintomas de que um profissional está sendo 
mal aproveitado é a desmotivação. 'Se você gasta mais tempo que o normal no 
cafezinho só para reclamar da empresa ou passa a maior parte da semana em 
atividades que não aproveitam suas melhores características profissionais, está 
na hora de repensar', acredita Willian Bull. 
6 - Meus colegas estão comprometidos em fazer um trabalho de qualidade?
( ) SIM ( ) NÃO 
Nada mais desanimador que trabalhar em um departamento desmotivado e sem 
compromisso com a missão e as metas da empresa. Um bom ambiente é formado por 
fatores como confiança nos colegas, trabalho em equipe, aprendizagem e 
cordialidade. 'Ter colegas preocupados em trabalhar com afinco é sinal de que 
você está num ambiente de aprendizagem constante', afirma Willian Bull. Mas se 
você faz parte de uma equipe feijão-com-arroz, com a anuência do líder direto, é 
preciso avaliar se há, de fato, uma identificação com essa visão corporativa e 
se você não está se deixando ficar numa zona de conforto perigosa. 
7 - Minhas opiniões parecem ser levadas em consideração no trabalho? 
( ) SIM ( ) NÃO 
Um sinal de alerta é quando a sua participação em momentos decisivos é reduzida 
e suas idéias já não são ouvidas nas reuniões. Se você e sua liderança já não 
falam a mesma língua e suas opiniões não produzem efeito, é hora de analisar 
suas convicções pessoais. Se for o caso, cogite procurar um lugar que dê mais 
espaço às suas idéias. 'Não ser levado em consideração apesar de demonstrar 
interesse é um sinal de ruptura na sua identificação com o chefe', diz Marcia 
Hasche. 
8 - Há alguém no trabalho que incentiva meu desenvolvimento e me estimula 
intelectualmente? 
( ) SIM ( ) NÃO 
O nível e a qualidade da inspiração que o seu líder é capaz de provocar na 
equipe e a existência de uma política clara de desenvolvimento profissional são 
fatores importantes para o avanço de sua carreira. Se a empresa cria sempre 
novas oportunidades e tem planos de incentivo aos funcionários, é sinal de que 
se preocupa, de fato, com o desenvolvimento deles. Uma pista para identificar se 
é preciso investir ou encerrar um ciclo profissional é avaliar se você continua 
a aprender e se seu chefe estimula a ousadia e a experimentação. 'O ideal é ter 
o chefe e você trabalhando juntos no seu desenvolvimento', afirma Karin Parodi.
9 - Nos últimos seis meses, comentei com alguém sobre meu progresso? 
( ) SIM ( ) NÃO 
O sentimento de aprendizagem constante é um importante motivador da carreira. 
Quem se sente progredindo cultiva o hábito de dividir os feitos com os colegas 
-- é uma forma de demonstrar satisfação com o ambiente de trabalho e com o 
progresso pessoal. Faça uma reflexão: estou esperando o tempo passar aqui ou 
posso realmente alcançar meus objetivos profissionais? 
RESULTADO: 
Maioria das respostas SIM: 
Para quem descobre que, apesar do desgaste diário, ainda não é hora de fazer as 
malas, o recomendável é marcar uma conversa com o chefe. O momento exige 
preparação e é ideal para pedir mais feedback e mostrar o que pode ser melhorado 
na relação de trabalho. Apresente seus resultados, relembre os avanços que 
ajudou a implementar e deixe claro o que ainda pode fazer para contribuir com a 
equipe e a empresa. 'Fundamente a conversa com dados sobre seu desempenho e 
foque ao máximo nas oportunidades de desenvolvimento', recomenda Karin Parodi. 
'Você pode pedir um projeto ou apoio para explorar outras possibilidades 
internas'. 
Maioria das respostas NÃO: 
Se a maioria das respostas foi negativa, é hora de mudar de emprego. O que não 
vale é se deixar levar pela insatisfação e cometer um suicídio corporativo. Uma 
transição bem-feita pode demorar de seis meses a um ano depende do seu nível 
hierárquico e de seus objetivos profissionais e exige auto-análise para começar. 
A pior atitude é se deixar dominar pela emoção e pedir demissão sem algo em 
vista. 'Não dá para chutar o balde. Significa queimar as pontes que você 
precisará como referência no mercado', diz Karin Parodi.