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Carreira / Emprego - Não desista diante das dificuldades 

Data: 08/10/2008

 
 

Quando alguém aparece meio desanimado, pensando em desistir de algum projeto que não consegue caminhar, costumo contar uma história que vivi quando tentei publicar meu primeiro livro, "Como falar corretamente e sem inibições".

Levei nove longos anos para chegar ao fim do último capítulo. Um dos motivos para tanta demora foi a falta de prática. Até então eu não havia me aventurado em um trabalho dessa envergadura. Meus textos se limitavam a redações acadêmicas e a um ou outro artigo esporádico.

Também fui perfeccionista. Na época em que me dediquei a escrever o livro, havia em São Paulo duas grandes escolas de oratória que concorriam comigo, a do professor Oswaldo Melantonio (o melhor durante os 50 anos em que atuou) e a do professor Admir Ramos.

Para que nada saísse errado no livro, eu escrevi cada um dos capítulos imaginando que os dois mestres concorrentes estavam postados em pé, ao meu lado, me observando escrever e aguardando qualquer deslize para criticar.

Eu era muito ingênuo. Pensava que terminado o livro encontraria inúmeras editoras disputando a tapas o "privilégio" de publicá-lo. E houve um fato que aumentou ainda mais minha autoconfiança.

No princípio da década de 1980, Nilson Lepera, hoje diretor comercial da Editora Saraiva, foi meu aluno no curso de Expressão Verbal e se mostrou interessado em conhecer a obra.

Ele me perguntou se eu já havia assumido compromisso com alguma editora e, diante da minha resposta negativa, pediu que o procurasse assim que o livro estivesse concluído.

Cerca de dois anos depois, com o último capítulo finalizado, liguei para avisá-lo de que o livro estava concluído. Assim que ele atendeu, percebi que a história mudara de rumo.

Ele me disse: Polito, há pouco interesse em publicar seu livro, porque o assunto foge do nosso foco de atuação, que se restringe às obras didáticas e jurídicas.

Fiquei sem chão. Afinal, já estava até fazendo as contas dos direitos autorais que receberia! E, agora, por onde começar? Eu não havia suposto aquela negativa e não me preparara com planos alternativos.

Aí começou a minha peregrinação mandando os originais para diversas editoras. Na maioria dos casos nem resposta recebia. Ninguém se interessou. Por isso, como última e única saída, fiz o levantamento de custos para bancar a publicação.

No dia em que eu estava para bater o martelo e me comprometer com os diversos fornecedores, ainda vislumbrando uma pequena chama de esperança, resolvi fazer uma derradeira ligação para o Nilson e avisar que publicaria o livro por minha própria conta.

O resultado desse telefonema foi surpreendente —ele me disse de maneira veemente: "não faça isso". E explicou: "O fato de o assunto não estar em nenhuma das nossas áreas não significa que eu tenha desistido".

Falou ainda com entusiasmo: "Acho que seu livro poderá dar início à publicação das obras de interesse geral na nossa editora. Tenho certeza de que o 'Como falar corretamente e sem inibições' será um sucesso histórico".

Só que a novela não estava concluída. Ele passara os originais para o editor responsável para que fizesse uma análise mais criteriosa. Esse profissional aproveitaria o final de semana para avaliar o conteúdo e dar um parecer.

Foi o fim de semana mais longo da minha vida. Durante o dia eu ficava imaginando que parte do livro ele estaria lendo. Será que ele estaria gostando de determinado capítulo? Torcendo o nariz para outro?

Demorei a pegar no sono no domingo. Na segunda-feira, tive que conter minha ansiedade e não ligar para a editora logo às 8 horas da manhã. Às 9 horas em ponto disquei os números que sabia de cor.

Conversa vai, conversa vem e em pouco tempo eu estava em sua jugular: e aí, qual foi o parecer do editor? O Nilson, que evidentemente nem de longe tinha a mesma preocupação com o assunto, me respondeu com toda a naturalidade: "Rapaz, você não sabe o que aconteceu. Na correria, ele acabou deixando os originais na gaveta. Mas, fica tranqüilo que ainda neste mês vamos ter uma resposta".

Agradeci, desliguei o telefone e fui dar uma volta de carro para atenuar minha frustração.

Três dias depois recebi o telefonema que tanto esperava. O Nilson me dizendo que estava peitando o projeto e que assumiria a responsabilidade pela publicação. Agradeci feliz, desliguei o telefone e comecei a dar pulos de alegria para comemorar a conquista.

Não sei se o meu hoje querido amigo Nilson Lepera baseou essa profecia apenas na sua experiência e visão profissional ou em algum tipo de intuição. Conhecendo seu caráter e profissionalismo sei que só por amizade ele jamais tomaria essa decisão.

Os anos que se seguiram mostraram que ele, felizmente, tinha toda razão. A área de interesse geral da Saraiva é uma realidade e o "Como falar corretamente e sem inibições" está fazendo história, pois é de longe a obra no gênero mais publicada no Brasil.

O livro entrou para as listas dos mais vendidos do país e permaneceu nelas por três anos, sendo que em algumas delas figurou em primeiro lugar. Desde o seu lançamento caminhou bastante e chegou agora na 111ª edição, com mais de 500 mil exemplares vendidos.

Entre suas proezas, está o fato de ter sido selecionado pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e para o programa Fome de Saber, que integra a ação do Governo Federal Quero Ler - Biblioteca para todos. Além de ter sido lançado em diversos países.

O livro ganhou outros parceiros com ótima aceitação dos leitores. Hoje tenho 16 livros publicados, sendo que cinco deles entraram para as listas dos mais vendidos. O último, "Superdicas para falar bem", foi um dos dez mais vendidos no país em 2006.

É só lançar um livro novo e o "Como falar corretamente e sem inibições" volta a ser exposto com destaque. E lá, do alto das estantes, garboso, ele parece dizer aos novos livros que escrevo: sejam bem-vindos, mas não se esqueçam de que fui o primeiro, o iniciador dessa história.

É uma fabulação, mas, afinal, se seu próprio título é Como falar, por que ele também não poderia contar essa vantagem, ainda que em silêncio?!

Não sei o que teria sido da minha carreira profissional e da minha vida como escritor se o Nilson Lepera não tivesse aparecido no meu caminho e acreditado na qualidade do meu primeiro livro.

Às vezes, fico pensando qual seria a história desse livro que fez e faz tanto sucesso se eu o tivesse publicado por conta própria. Conhecendo melhor o mercado editorial como conheço hoje, muito provavelmente ele não teria passado da primeira edição.

O melhor de todos os aprendizados, entretanto, foi o de ter acreditado naquela remota possibilidade e feito aquele último telefonema. As pessoas que me conhecem sabem que essa se tornou uma espécie de marca no meu comportamento —nunca desistir de um projeto até que todas as chances tenham sido efetivamente esgotadas.

Tenho contado essa história para os alunos que precisam de uma palavra de incentivo para continuar firmes em sua trajetória de vida. E cada vez que narro este fato eu também me estimulo cada vez mais a perseverar na busca dos meus objetivos.



 
Referência: Administradores.com.br
Autor: Reinaldo Polito, Uol Economia
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