Finanças pessoais - Na hora de ajustar suas finanças, priorize abater dívidas a investir
Sair do vermelho e ajustar as finanças pode ser um processo doloroso, mas
adotar e seguir à risca uma estratégia inteligente pode reduzir o tempo
necessário e, conseqüentemente, o impacto sobre sua vida pessoal. Um tratamento
de choque, assim quando ocorre quando ficamos doentes, é a melhor solução.
Além de ajustar o orçamento e buscar negociar os termos do endividamento, um
processo eficiente de ajuste financeiro passa também pelo entendimento claro de
sua situação patrimonial. O que fazer, por exemplo, com os investimentos na hora
de cortar dívidas?
Juros e spread bancário elevados
Embora o conceito de reestruturar o patrimônio na hora de sair de uma situação
de endividamento fora do controle possa parecer simples para muita gente, vale a
pena entender o que torna esse passo quase que decisivo na hora de acertar as
finanças.
Mais do que juros altos, o Brasil é um país onde o spread bancário é
muito elevado. Ou seja, além das taxas de juros ainda seguirem em um nível alto,
a diferença entre as taxas de juros que você paga quando toma dinheiro
emprestado e as taxas que recebe quando investe é ainda maior.
Se uma rentabilidade de 1% ao mês na renda fixa pode ser vista como muito boa no
momento atual, as taxas cobradas em financiamentos ficam muito acima deste
patamar, chegando a níveis próximos de 10% para dívidas no cartão de crédito.
Deste modo, quem tem dinheiro investido recebe muito menos em juros do que
pagaria se tomasse recursos emprestados.
Investimento em segundo plano
É esta enorme diferença entre as taxas de juros que faz da reestruturação
patrimonial um passo muito importante na hora que as finanças saem do controle.
O primeiro passo é analisar o seu endividamento e discriminar quais são os
financiamentos que embutem taxas mais elevadas.
Reduzir ou liquidar este endividamento é a sua prioridade no primeiro momento.
Para tal, além da negociação com o credor, um passo que você não pode esquecer é
analisar se você tem algum investimento que possa ser sacado. Em um cenário, por
exemplo, onde você tem investimentos de R$ 10 mil rendendo 1% ao mês e uma
dívida no mesmo valor com juros de 5% mensais, a opção é uma só: usar os
recursos para pagar a dívida.
Exemplo prático
Considerando a situação acima, os números mostram claramente as vantagens dessa
estratégia. Ter R$ 10 mil investidos a 1% ao mês implica em receber algo em
torno de R$ 11.268 após 12 meses, sem incluir o que você deveria pagar em
impostos. Já uma dívida do mesmo valor, porém com juros de 5%, cresceria para
quase R$ 18 mil.
Ou seja, como conseqüência da enorme diferença de juros - em termos anuais são
de 12,68% no investimento e 79,6% no endividamento, a dívida cresce muito mais
rápido do que o dinheiro investido. Portanto, não há tempo a perder nessas
horas.
Mesmo caso os juros da dívida sejam bem menores, digamos 2% ao mês, no final de
12 meses o total atingiria R$ 12.682 e a diferença entre o valor investido e o
do endividamento superaria R$ 1.400.
Analise todas as opções
Portanto, na hora de reestruturar suas finanças, fique sempre atento para a
composição do seu patrimônio. Somente em casos muito raros o rendimento obtido
por ativos que você tem supera em termos percentuais o que você paga em juros da
dívida. Portanto, vender ativos ou investimentos com liquidez pode ajudar a
solucionar o problema de forma mais rápida.
Já para ativos de menor liquidez, como por exemplo, imóveis, participações em
empresas ou bens duráveis, você deve fazer uma análise detalhada. Cheque se o
que você perde, vendendo esses bens abaixo do preço que gostaria - que
provavelmente será o caso, supera ou não o que você perderia mantendo a dívida
ativa.
O cálculo é importante, pois, muitas vezes, manter a dívida pode custar muito
mais do que a perda que você teria reestruturando seu patrimônio. Fique de olho,
faça as contas e adote a estratégia que mais faz sentido para você.
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