Carreira / Emprego - Transferência de glória e culpa: como lidar com o jogo do empurra no trabalho?
É muito comum, nos dias de hoje, o jogo do empurra-empurra no ambiente
corporativo. Se algo dá errado, líderes e colegas rapidamente apontam o dedo. É
difícil encontrar alguém que assuma a culpa. Mas e se o resultado foi certo? A
glória também é transferida.
A consultora de postura profissional Rosana Fa explica que a transferência de
responsabilidades acontece porque as empresas estão trabalhando com equipes
muito enxutas. Com o excesso de trabalho, não tem como definir as
responsabilidades de cada um, de forma engessada. Além disso, a pressão também
aumentou.
"Os profissionais viraram robôs, que precisam apresentar resultados custe o que
custar. Se as coisas não saem como o esperado, as pessoas ficam com medo de
admitir que erraram. Elas acham que o erro pode reduzir sua credibilidade. O
medo é tão grande que elas jogam a culpa. Mas as empresas respeitam muito mais o
profissional que tem a humildade de encarar seus erros".
Com relação à transferência das glórias, ela diz que, com a pressão exercida, os
profissionais ficaram inseguros e passaram a ter necessidade de mostrar o que
sabem.
"Quem nunca viu, em uma reunião, o colega que não deixa ninguém falar e atropela
todo mundo, só para mostrar o que sabe? Se algum subalterno ou colega da equipe
faz algo extraordinário, ele rouba para si os méritos. Às vezes, ele contribuiu
muito pouco ou nada para a realização, mas, como foi um subalterno que fez, acha
que se engloba nos resultados", explica.
O que fazer em cada situação
Situação 1: a transferência das responsabilidades do colega, que não faz
a parte dele e compromete seu trabalho
- O que fazer: fale com ele em particular (nunca em público). "Pergunte se
ele está com algum problema e como poderia ajudar", diz Rosana. Se não der
certo, coloque a situação em aberto para toda a equipe, com a presença do
colega que não está fazendo sua parte;
- O que não fazer: não chame a atenção dele na frente dos outros e nunca
fale por trás.
Situação 2: a transferência de trabalho ocorrida porque ninguém da equipe
está comprometido
- O que fazer: converse com as pessoas. Não deu certo? Converse com o
líder. "O legal é que cada um faça sua parte, mas, se isso não é possível,
encare o trabalho sozinho. Não se prejudique por causa dos outros. Deixe
claro, no entanto, que foi você quem fez o trabalho, mesmo que, depois, você
tenha que almoçar sozinho", recomenda a consultora;
- O que não fazer: deixar de fazer sua parte porque ninguém está
colaborando. "Alguns casos ocorrem por maldade. Às vezes, as pessoas ocultam
informações para prejudicar mesmo o colega. Mas não deixe de entregar sua
parte do projeto por causa das informações que não tem. O importante é ter
certeza de que fez sua parte. O resto nós tiramos de letra", avisa.
Situação 3: o líder não acompanha o projeto ou não administra a equipe e
o resultado é um desastre. Ele transfere a pressão que recebe e a culpa
- O que fazer: mantenha a calma. Com objetividade e "jeitinho", converse
com o chefe, expondo os fatos. "É tudo uma questão de transparência. As
pessoas têm medo de falar o que pensam ou fazer críticas ao chefe porque têm
medo de perder o emprego, mas, desta maneira, não só elas perdem, como
também a empresa". Uma dica é falar tudo na primeira pessoa do plural.
Assim, no lugar de "você deveria ter feito isso", diga "nós poderíamos ter
feito isso";
- O que não fazer: levar para o lado pessoal, ser agressivo no discurso
(essa atitude pode custar seu emprego) ou chamar a atenção do líder na
frente de outras pessoas.
Situação 4: você teve uma idéia genial, que gerou bons resultados. O dono
da empresa, satisfeito, pergunta quem teve a idéia do projeto. Seu superior
direto diz, sorrindo, que foi ele.
- O que fazer: tenha paciência. Mostre que o trabalho foi seu, por meio de
relatórios, planilhas, ou mesmo contando detalhes da execução;
- O que não fazer: atacar seu chefe não é o mais sábio a fazer neste
momento.
|