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Negócios / Empreendedorismo - Comunicação é ponto-chave para a liderança 

Data: 30/05/2007

 
 

O comprometimento das equipes na obtenção de resultados está atrelado ao aumento da eficiência na comunicação dos líderes com seus subordinados. É o que apontam especialistas em desenvolvimento de lideranças, serviço que tem encontrado cada vez mais demanda por parte das empresas instaladas no Brasil. Elas apontam que as estratégias para a melhor condução das equipes devem ser estímulo à delegação de tarefas, com a definição de metas claras.

Uma pesquisa da consultoria FranklinCovey, realizada no final do ano passado, aponta que as falhas na comunicação acabam se refletindo no desempenho das equipes. Segundo o levantamento, realizado com mais de 200 mil profissionais de organizações do mundo todo, 9% das equipes de trabalho têm metas claras e mensuráveis, 14% dos indivíduos focam nas metas mais importantes, 10% enxergam que seu sucesso é monitorado de forma precisa e aberta e apenas 16% das equipes de trabalho planejam conjuntamente como atingir suas metas.

Outro dado constatado pela consultoria mostra que 80% dos resultados são gerados por apenas 20% das atividades exercidas.

“A razão principal é que as organizações focam muito em sistema de controle, em gerenciamento, tecnologias e softwares de gestão, mas não investem na preparação de seus líderes”, analisa Paulo Kretly, presidente da FranklinCovey Brasil.

Segundo o especialista, o avanço da tecnologia e do acesso à informação estão provocando uma mudança de paradigma na relação das equipes com seus líderes.

“Hoje, com a Internet, o conhecimento está mais democrático, aberto para todos. Antes, ele estava mais restrito aos chefes e por isso eles eram tratados como deuses. Apesar de estar ocorrendo essa mudança, a centralização do conhecimento nos chefes ainda está enraizada na cultura das corporações, o que acaba criando este conflito”, afirma Paulo.

Tarcízio Diniz Costa, gerente de projetos da Fundação Dom Cabral (FDC), instituição especializada em desenvolvimento de executivos, também acredita nesta mudança. “Os líderes estão cada dia mais ocupados, mas delegam cada vez menos as tarefas. Por isso que, no esforço de participar de um mercado competitivo, as empresas têm exigido uma mudança do perfil do seu pessoal, a fim de que eles se preocupem mais com o seu próprio desenvolvimento e também que sejam capazes de dividir funções para que o trabalho em equipe seja mais eficiente”, analisa.

Alternativas

Para reverter a situação de empresas com problemas de liderança, a saída apontadas pelas empresas especializadas na questão é a aplicação de ferramentas que estimulem o auto-conhecimento do profissional e que gerem informações sobre as necessidades de sua equipe, estimulando a interação.

A FranklinCovey, por exemplo, aposta no lançamento de um treinamento de três dias, que promete medir o “quociente de liderança” dos executivos das empresas. “Ele mostra como o executivo se enxerga como líder, como o chefe dele e seus subordinados o vêem como líder, através de um questionário, que aponta suas características. Após o treinamento, a nota dos gestores chega a ser até 40% mais alta em relação à primeira avaliação”, promete o especialista da consultoria, que atualmente tem aplicado treinamentos em empresas como o HSBC, Embraer e ABN Amro Real e afirma estar crescendo 40% ao ano no País. “O verdadeiro papel do líder é saber liberar o potencial das pessoas”, diz.

Outra que reflete esta demanda é a Fundação Dom Cabral (FDC), que em 2006, desenvolveu 130 programas fechados a 118 empresas, sendo 69 deles voltados ao desenvolvimento de lideranças. “Temos tido muita demanda para capacitar gestores para uma correta gestão de pessoas. As empresas estão buscando profissionais que influenciem suas equipes para a mudança cultural”, afirma Tarcízio Diniz Costa, gerente de projetos da FDC.
Os programas são direcionados a diferentes níveis hierárquicos e procuram desenvolver habilidades a partir da própria cultura da empresa, através de aulas clássicas, workshops, agenda de aprendizagem e reuniões.
“Não nos consideramos uma consultoria no estilo clássico, realizamos o desenvolvimento de executivos. Atuamos na busca de capacitação e desenvolvimento de seus líderes, especialmente ligadas ao comportamento do seu gestor. Procuramos saber, primeiro, quais são os conhecimentos que a empresa tem e buscamos uma cultura nova a partir de um conhecimento que ela já tem. Às vezes ele acha que o problema é de coluna, mas às vezes está no pé”, explica o gerente.

O especialista da FDC cita a publicação “O Jeito Brasileiro de Administrar”, da Betania Tanure, que segundo ele aponta uma característica ainda presente em grande parte dos gestores brasileiros. “Ele tem dificuldade em dizer não e em ser explícito num feedback negativo. Outra característica é o foco no chefe, há uma dificuldade em delegar”, revela.
A atuação da liderança também é fundamental na implementação de processos voltados ao aumento da produtividade, mesmo quando há uma reestruturação dos aspectos operacionais da companhia. Segundo Marcos Guirado, diretor superintendente da ABS Consultoria, especializada em em gestão da produtividade. Isto por que o sucesso da metodologia, baseada em planejamento, controle, indicadores e cobrança, depende dos gestores que aplicam a mudança. “Existe um potencial maior de problemas quando o gestor nunca foi preparado para ser um líder”, relata o diretor.



 
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