Imóveis - Obras: Aprenda a calcular o material para sua obra
Na hora de calcular a quantidade de material a
ser utilizada na obra, seja construção ou reforma, arquitetos, engenheiros e
técnicos são unânimes: é preciso prever bem as perdas – que ocorrem do
transporte ao manuseio. O cálculo evita desperdício e a dor de cabeça de ter de
voltar à loja para comprar mais e correr o risco de não encontrar o produto, em
falta ou já fora de linha.
A maioria dos especialistas aponta uma margem de segurança de 10%, mas nem todos
os materiais aceitam esse índice. "É uma boa margem para tijolos, telhas e
blocos de concreto", afirma o arquiteto Carlos Augusto Faggin, professor da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da Universidade de São Paulo (USP).
Mesmo para aqueles materiais em que a margem é aplicável, existem muitas
situações que podem aumentar ou diminuir a quantidade necessária. Áreas com
pisos e azulejos estampados, por exemplo, consomem mais peças, pois pedem mais
recortes para compor os desenhos. Já as áreas de grande dimensão terão perda
menor, pois haverá menos recortes.
São detalhes que podem complicar a obra. Por isso, é bom consultar um arquiteto
ou um engenheiro. "É preciso fazer um projeto e discuti-lo bem antes de fazer as
compras", diz o engenheiro Nelson Ferraz, coordenador da Divisão Técnica de
Gerenciamento de Empreendimentos do Instituto de Engenharia. Confira:
Telhas de barro
Como têm grande variação de tamanho, até de uma região para outra, o cálculo
fica mais difícil. O professor Carlos Augusto Faggin, da FAU-USP, dá uma dica
bastante prática: monte no chão 1m² com as telhas e veja quantas foram
necessárias. Aplique a "folga" de 10% a mais, depois de calcular o total
necessário para a área do telhado. Mas é preciso não se esquecer da inclinação
do telhado: quanto maior a inclinação, maior será o número de telhas gastas.
O engenheiro Jorge Saback Filho, gerente de Obras de Residências da Archiplanta,
faz um alerta: o grande problema das telhas de barro é sua qualidade. Peças
ruins terão perda maior e a margem de 10% pode não ser suficiente.
Azulejos
Calcule a área real, isto é, desconte portas e janelas. A Associação Nacional
dos Fabricantes de Cerâmica (Anfacer) recomenda uma margem de 10% a mais no
cálculo. Mas lembre-se de levar em consideração se as peças são lisas ou
estampadas – estas têm perda maior, pois será preciso encaixar os desenhos.
Os azulejos são usados em áreas que geralmente requerem manutenção,
principalmente por causa das instalações hidráulicas. É bom já calcular uma
pequena sobra para estoque de pelo menos uma caixa, para reparos futuros, pois
encontrar a mesma tonalidade de cores é quase impossível, mesmo para as peças
mais simples, e as cerâmicas saem facilmente de linha.
Pisos
Deve-se levar em conta o tamanho das placas e da área. "Quanto maior a dimensão
da placa, maior é a perda", explica o professor Faggin, da FAU. Para peças de
até 15 cm, ele recomenda uma margem de segurança de 5%; e para de 30 cm ou mais,
de 10%. Em contrapartida, áreas maiores terão perda menor, pois haverá menos
recortes. Como no caso dos azulejos, é melhor ampliar a margem de folga se as
peças forem estampadas.
Pisos postos em diagonal também têm mais recortes e, portanto, maior consumo,
lembra Saback Filho, da Archiplanta. Para áreas com até 10m², o engenheiro
aconselha 20% a mais para colocação reta e 35% para em diagonal. Áreas
superiores devem ter margem de 10% e 20%, respectivamente. É aconselhável ter um
estoque, para manutenção futura, de pelo menos uma caixa. O rodapé, se feito do
corte do piso, deve ser calculado separadamente. Saiba que uma placa fará duas
unidades de rodapé, pois o "miolo" vai apresentar "rebarbas" indesejáveis.
Tijolo baiano ou de barro maciço
O cálculo depende do tamanho do tijolo e da largura da parede. O melhor é seguir
a instrução do fabricante ou fornecedor e aplicá-la sobre a área, lembrando-se
do índice de 10% a mais como prevenção. Saback Filho, da Archiplanta, dá uma
dica: "Devemos levar em conta toda a área da parede, ou seja, não dar desconto
em portas, janelas e outros vãos.”
No caso de uma parede de tijolos maciços que ficam à vista, um ponto importante
são os cantos externos. "Alguns fabricantes já fornecem os tijolos cortados para
serem colocados nesses cantos, diminuindo assim as perdas", explica o
engenheiro.
Bloco de concreto
Tem tamanho variado, portanto ‚ melhor seguir a indicação do fabricante ou
fornecedor. O arquiteto Faggin, professor da USP, aconselha aplicar a margem de
10% de sobra.
Cimento
Como tem "vida curta" – começa logo a empedrar –, o principal fator a ser
considerado no cálculo da quantidade é o tempo. "Não se deve comprar cimento
para muitos dias", explica Nelson Ferraz, coordenador da Divisão Técnica de
Gerenciamento de Empreendimentos do Instituto de Engenharia. Segundo ele, é
melhor comprar o suficiente para usar em 15 dias, já que nem sempre as condições
de armazenamento na obra são as ideais.
Argamassa
Para assentamento de tijolos, a média é de 10 a 14 quilos por metro quadrado e
depende do tipo de tijolo. Para uso em revestimento (que tem um tipo específico:
o cimento e cola), é de 5 quilos por metro quadrado.
Tinta
O rendimento varia de marca para marca, do tipo utilizado (PVA, acrílica,
elástica, etc...) e da quantidade de demãos que serão necessárias para a
cobertura perfeita da superfície. O melhor a fazer é consultar as instruções do
fabricante contidas no produto e calcular a área a ser pintada (altura x
largura) descontando-se os vãos, como portas e janelas. Alguns fabricantes
informam uma fórmula básica para descobrir quantos galões de tinta serão
necessários. Adote a equação abaixo para tintas, fundos e massas, sem esquecer
que o consumo por metro quadrado pode variar em função da porosidade da
superfície e da técnica a ser empregada.
Consumo de galões = |
metragem quadrada X número de demãos |
rendimento por galão
informado pelo fabricante |
Para evitar desperdícios, o engenheiro Saback
Filho aconselha deixar a pintura para a última etapa. "A pintura é o último
passo de uma obra ou reforma, portanto deve ser iniciada apenas quando não há
mais nenhum serviço a ser executado", diz. Isso evita a perda com retoques ou
outras demãos se houver necessidade de fazer a mudança, por exemplo, de um ponto
elétrico.
O professor Faggin tem uma dica para quem for usar cores preparadas em
misturadores: é preciso aplicar no cálculo a margem de 10% a mais para não
correr o risco de o produto acabar antes do fim da pintura, pois será difícil
obter novamente a mesma tonalidade. Esse problema não ocorre com as cores
prontas.
O que fazer com as sobras
O material aproveitável pode ser dado a amigos, doado a instituições de caridade
ou mesmo vendido a museus e cemitérios de peças.
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