Investimentos / Fundos - FIDC não-padronizado: risco é maior, mas rentabilidade pode superar 120% do CDI
Alternativa de investimento que tem mostrado crescimento , os FIDCs ( Fundos
de Investimento em Direitos Creditórios) podem ser caracterizados, entre outros
fatores, por suas especificidades e natureza plural.
Bastante distintos entre si, os FIDCs podem se adaptar mais facilmente às
necessidades das empresas que recorrem a este meio de captação, fator positivo
mas que também limita a disseminação de informações ao potencial investidor.
FIDC não-padronizados
Entre tantas variedades, existem os FIDCs não-padronizados, fundos cuja política
de investimento permite a realização de aplicações, em qualquer proporção de seu
patrimônio líquido, em direito creditórios caracterizados por uma maior
dificuldade de recebimento, risco de crédito mais elevado ou constituição
jurídica instável, definiu Antônio Correa Bosco, diretor de operações da Boa
Esperança Recebíveis.
Entre os direitos creditórios que podem compor um fundo não padronizado estão
aqueles vencidos ou pendentes de pagamento no momento da cessão, os resultantes
de ação judicial em curso, que estejam penhorados ou dados em garantia e ainda
os originados de empresas em processo de recuperação judicial ou extrajudicial.
Precatórios
Além disso, os direitos creditórios decorrentes de receitas públicas originárias
ou derivadas da União, dos Estados, Municípios e do Distrito Federal, assim como
de autarquias e fundações também podem compor um FIDC NP.
Direitos creditórios de existência futura e montante desconhecido também podem,
desde que relacionados a operações já constituídas, compor a carteira de um FIDC
não-padronizado, assim como operações de naturezas diversas que não se enquadrem
nas instruções existentes.
Outros casos
Além disso, um FIDC cuja carteira de direitos creditórios tenha seu rendimento
exposto a ativos que não os créditos cedidos ao fundo, como derivativos de
crédito não utilizados para proteção ou minimização de risco, por exemplo,
também são considerados não-padronizados.
No mesmo sentido, um Fundo de Investimento em Cotas de FIDC, os chamados FIC
FIDC, que realiza aplicações em cotas de FIDC não-padronizado também será
considerado não-padronizado.
Investimento altamente sofisticado
Dito isto, fica claro que o investimento em FIDCs não-padronizados requer uma
análise profunda antes da tomada de decisão, já que o risco envolvido no negócio
é mais elevado.
Segundo Eduardo Rocha, diretor da Boa Esperança Recebíveis, mesmo os
investidores que têm R$ 1 milhão (valor da cota mínima) para aplicar em um fundo
deste tipo, precisariam realizar uma análise sofisticada a ponto de ser mais
indicado procurar uma outra alternativa de investimento.
Ou seja, dadas as suas características, o investimento em FIDCs não-padronizados
se tona uma opção mais indicada para investidores institucionais, profissionais
do mercado que detém os subsídios necessários para tomar uma decisão mais
acertada.
Maior risco, maior retorno
Se comparado a um FIDC "normal", a principal diferença reside no fato de que o
fluxo de caixa de um fundo não-padronizado não é previamente determinado,
justamente por tratar-se de operações vencidas, precatórios e afins, conforme
descrito acima.
Sendo assim, é natural que os FIDCs não-padronizados ofereçam uma rentabilidade
maior que a dos demais fundos. Segundo Rocha, teoricamente um FIDC NP deveria
render mais do que 120% do CDI, enquanto o rendimento médio dos demais gira em
torno de 108% e 110% do Certificado de Depósito Interbancário, que é a taxa
média dos empréstimos feitos entre os bancos.
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