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Consumidor - Compras coletivas: reclamações aumentam com crescimento dos sites 

Data: 08/03/2011

 
 

O crescimento vertiginoso dos sites de compras coletivas nos últimos meses trouxe também um aumento no número de clientes insatisfeitos e que fizeram algum tipo de reclamação contra essas empresas e seus parceiros.

Muito difundido nos Estados Unidos, este modelo de negócio não existia no País até o início do ano passado. Hoje, entretanto, já são mais de 700 empresas que oferecem os serviços de compras coletivas pela internet, segundo o site Reclame AQUI, que reúne reclamações de clientes de todo o Brasil, insatisfeitos com a qualidade de produtos e serviços.

De acordo com dados do Reclame AQUI, os sites de compras coletivas de maior operação no país (Clube Urbano, Peixe Urbano, Imperdível, Click On e Oferta Única) somam 3.391 reclamações desde o primeiro cadastro, em junho de 2010.

Se forem incluídos os sites de clubes de descontos, como Brandsclub e Privalia, o total de reclamações passa de 8.500 nos últimos doze meses.

Discriminação
Para o diretor do Reclame AQUI, Mauricio Vargas, um dos motivos mais frequentes da insatisfação é a discriminação dos clientes que compram utilizando esse tipo de oferta.

“Alguns clientes se sentem discriminados nos estabelecimentos porque o empresário não enxerga os sites de compra coletiva como um canal de publicidade, mas sim como um canal de vendas. Assim, em alguns casos, o cliente que utiliza o cupom é tratado de maneira diferente, o que prejudica o negócio”, afirma.

Além disso, segundo Vargas, o despreparo dos fornecedores para atender à demanda de cupons vendidos, a cobrança indevida (duplicidade) e a dificuldade de cancelar a compra também constam entre os principais motivos de contato dos clientes com o site de reclamação.

Constrangimento
A jornalista Tatiana Ramos foi uma das clientes que enfrentou problemas com um cupom de um restaurante, adquirido pela internet.

“ Depois de já ter feito a refeição, fui informada pelo gerente do local de que os cupons de desconto não estavam registrados no sistema. Ele disse que não era problema dele e pediu que eu entrasse em contato com a empresa que vendeu. No final, com a minha recusa, o valor acabou sendo descontado do garçom, por ele não ter confirmado o voucher antes da compra”, diz Tatiana.

Entretanto, apesar da “solução” adotada pelo estabelecimento, para a jornalista o problema maior foi a forma de tratamento. “Fui constrangida pelo gerente, que agiu como se estivesse me fazendo um favor”, reclama.

Seleção de parceiros
A diretora de comunicação do Peixe Urbano, Letícia Leite, diz que a empresa faz uma seleção rigorosa de seus parceiros para evitar esses e outros problemas no atendimento.

“Existem duas formas de selecionar as empresas. Na primeira, nossa equipe vai atrás de possíveis parceiros e faz a prospecção. Na outra, recebemos o contato das empresas interessadas e analisamos”, diz.

Segundo ela, a seleção passa por várias avaliações, que incluem a qualidade e o tipo de produto oferecido, a estrutura da empresa, entre outros.

“É preciso verificar se todos esses pré-requisitos são preenchidos. Se a empresa se encaixar na proposta, é enviado um representante até o estabelecimento para avaliar se o local está apto para receber os clientes e negociar as especificações da oferta, como a quantidade de cupons, a validade, etc.”, afirma Letícia.

Depois, segundo a diretora, a empresa ainda oferece treinamento para que o estabelecimento receba seus clientes da maneira adequada. “Damos o treinamento para enfatizar a importância de tratar o cliente muito bem, já que esse é um investimento que a empresa está fazendo para o futuro. O objetivo final é que o cliente volte pagando o preço normal”, ressalta.

Estética
Mesmo com tantos cuidados, algumas empresas ainda não se adequaram ao atendimento dos clientes angariados através dos sites de compras coletivas. Para o dublador Eduardo Serandini, o problema aconteceu em uma clínica de estética.

Depois de comprar um cupom de desconto para sessões de Manthus e Drenagem Linfática, Serandini ainda não conseguiu contato com a clínica que ofereceu o tratamento. “Estou tentando ligar na clínica há quase 2 semanas e ninguém sequer me atende”, protesta.

Site de compras ou parceiro?
Em caso de problemas, muitos clientes ficam na dúvida sobre com quem devem reclamar. Segundo o diretor de marketing do Groupon, Daniel Funis, a empresa possui um departamento específico para esses casos.

“Todas as reclamações são avaliadas e as devidas providências são tomadas. Dentro do nosso Canal de Atendimento ao Cliente, temos uma equipe responsável somente para atender reclamações relacionadas aos nossos parceiros”, afirma.

Clube de descontos
Para o pesquisador e historiador Marco Lourenço, o problema aconteceu em um site que oferece clube de descontos. “Eu e minha namorada fizemos duas compras no final de novembro. O prazo para entrega era na primeira semana de janeiro e até agora nada. Já recebemos dois e-mails notificando o adiamento da entrega e a última promessa foi que receberíamos a mercadoria no início de fevereiro”, diz Lourenço.

O pesquisador afirma nunca ter tido problemas com sites de compras coletivas, mas não pretende mais utilizar os clubes de descontos. “Existe uma taxa de entrega muito alta, não é tão vantajoso”, acredita.

Percentual pequeno
A diretora do Peixe Urbano ressalta que, comparado com o crescimento da empresa nos últimos meses, o número de reclamações é muito baixo.

“Nós temos hoje mais de 5 milhões de usuários cadastrados, em 37 cidades atendidas. O número de solicitações que o nosso Departamento de Atendimento recebe diariamente é menor que 1% do nosso número de vendas por dia. E a grande maioria das solicitações diárias não são reclamações, e sim dúvidas”, afirma Letícia.

Direitos
Segundo a advogada do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) , Maíra Feltrin Alves, o consumidor deve ser informado de forma clara de todas as condições da contratação e utilização do produto ou serviço, como as formas de pagamento, as condições de utilização e a validade da oferta.

Além disso, quem é adepto deste tipo de compra deve sempre observar se o site informa qual a quantidade de pessoas que precisam adquirir a oferta, para que ela seja válida, e se mostra o número de pessoas que já aderiram à promoção.

“Se o serviço precisa de agendamento prévio, por exemplo, isso deve estar claro no site. O agendamento é legal, mas deve ser informado ao consumidor”, diz a advogada.



 
Referência: InfoMoney
Autor: Equipe InfoMoney
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