Que o meio organizacional é um local onde são tomadas decisões extremamente
sérias isso é indiscutível. No entanto, não há quem consiga viver bem, inclusive
no campo profissional, se o que reina na empresa é apenas caras sisudas e que
nunca esboçam um único sorriso. Ao contrário do que muitas pessoas ainda
concebem, algumas empresas não acreditam que apenas equipes formadas por
indivíduos que "mais lembram robôs" são capazes de apresentar uma boa
performance, atingir e superar as metas corporativas.
A Stone Age Tech, organização que atua no segmento de Tecnologia da
Informação situada no Rio de Janeiro/RJ, mostra-se disposta a manter um clima
descontraído e saudável para seus colaboradores. Este trabalho é desenvolvido
desde que foi criada há três anos e abrange o design, a decoração e a
manutenção do ambiente de trabalho, passando pelos programas e os eventos
internos que visam interação do pessoal, cuidados com a seleção de pessoal e
cuidados com a própria qualidade de vida no trabalho.
De acordo com Taian Haraguchi, gerente de RH da empresa, ao adotar esse
posicionamento, a intenção da Stone Age é tornar o ambiente mais convidativo e
atraente para os colaboradores, bem como para novos talentos que ingressarão na
companhia. Uma grande motivação para a adoção desta postura vem da pressão do
tempo, dos prazos e dos atendimentos comuns aos prestadores de serviços e aos
profissionais da área de tecnologia. Isso porque, se não houver um trabalho em
relação combate ao estresse e às pressões, a suscetibilidade de problemas de
saúde e psicológicos aumenta. "Por trabalharmos com desenvolvimento e pesquisa,
precisamos de exercícios de criatividade, discussão e entrosamento constantes. A
descontração no ambiente ajuda em todos os pontos de interação e pode ajudar a
trazer novas idéias", complementa.
Outro detalhe que o gerente de RH chama a atenção é para o fato de que as
pessoas passam boa parte do seu tempo dentro do escritório, trabalhando e ficam
dedicam mais tempo às suas atividades do que ao próprio ambiente familiar. Por
essa razão, existe a preocupação de descontrair o local, como forma de aliviar
as tensões vividas no dia a dia. Haraguchi defende ainda que quando as pessoas
veem um local de trabalho mais descontraído e informal, onde é possível
encontrar atividades alternativas, lazer e bem-estar sempre vem à mente: "este é
um bom lugar para se trabalhar" ou, então, "meu sonho é trabalhar em um lugar
assim". Isso, afirma o gerente de RH, oferece um diferencial tanto para os que
trabalham na empresa como também aos que chegarão.
Não importa a idade - Quando questionado qual o público-alvo
que a empresa pretende alcançar ao adotar essas iniciativas, Taian Haraguchi
responde que são todos os colaboradores - independente de idade, da formação, do
tipo físico ou do cargo que ocupam na empresa. Apesar de muitas iniciativas
serem de caráter mais "jovem", ele diz que todos os que quiserem têm plenas
condições de participar e desfrutar das iniciativas.
Vale destacar que um dos fatores mais importantes que são atribuídos às ações
é o de trabalhar a interação, a integração e a troca de experiências. Esta
troca, por sua vez, energiza e motiva a todos, torna a comunicação entre as
equipes facilitada, pois já existe um canal criado. "Somos uma empresa jovem,
com jovens talentos trabalhando junto com profissionais de grande experiência.
Durante essas iniciativas, ou mesmo em intervalos ou durante o expediente, é
muito bom ver que há esta troca entre esses dois perfis: os jovens e os mais
experientes", comemora.
A informalidade na prática - Algumas ações adotadas pela
Stone Age Tech começam do básico como, por exemplo, a indumentária. Na sede não
há atendimento aos clientes in loco todos os dias. Portanto, não existe a
necessidade de diariamente os colaboradores utilizarem uma vestimenta mais
formal. Isto deixa as pessoas mais à vontade, principalmente durante o verão e
se diga de passagem no Rio de Janeiro, onde a temperatura é sempre elevada.
A empresa realiza mensalmente uma festa para os aniversariantes do mês e,
periodicamente, levar os colaboradores para sessões de cinema no horário do
almoço. Atividades após o expediente como vídeo game e jogos na companhia também
são uma constante. "Incentivamos as atividades fora do espaço de trabalho. Hoje
possuímos um programa que contempla atividades esportivas: um clube de corrida,
aulas de surfe e futebol, avaliando a adesão e a viabilidade de outros
esportes", afirma. O gerente de Recursos Humanos ressalta, ainda, que há um
estudo constante para a aplicação de atividades voltadas para a qualidade de
vida no trabalho, onde são focados não somente o desenvolvimento do
profissional, mas também ações externas e de novas experiências.
A organização também promove atendimentos de shiatsu e acupuntura
duas vezes na semana, o que ajuda a combater não somente o estresse e melhora a
condição postural, bem como outros possíveis problemas de saúde dos
profissionais. A Stone Age inclui em suas ações programas de motivação e
desenvolvimento para toda a equipe, envolvendo dinâmicas de grupo e atividades
de reflexão. "Levanto ainda a questão da seleção para a captação de talentos, já
que ela vem sendo de suma importância para a manutenção deste ambiente. Com o
crescimento da empresa precisamos não apenas de novos talentos, mas de talentos
que se mostrem dentro do perfil comportamental que a empresa busca", confirma o
gestor de pessoas.
Com as ações voltadas para a qualidade de vida no trabalho que a empresa
adota, podem-se observar mudanças em hábitos alimentares, uma maior preocupação
com a saúde e melhor disposição para o trabalho. Um grande exemplo é o estímulo
à prática do surfe. Desde o seu início, os participantes têm acordado mais cedo,
participando da aula e chegam "energizados", menos sonolentos e relatando que as
noites de sono após o dia da aula de surfe têm sido melhores. Já o shiatsu
e a acupuntura vêm corrigindo problemas de postura e trazido relaxamento para os
colaboradores. Este investimento ajuda a desenvolver não somente a qualidade de
vida do profissional, mas também a conscientização de todos para a própria
saúde.
E o comprometimento com a empresa? - Diante de tantas ações
que se voltam para fortalecer a informalidade no ambiente de trabalho, é
provável que muitas pessoas questionem se o comprometimento dos profissionais
com a organização não corre algum risco. Para quem tem essa dúvida, Taian
Haraguchi responde que a Stone Age Tech acredita muito no potencial de cada um
que integra sua equipe e isso inclui o comprometimento individual.
Como lida com muitos profissionais novos e experientes a companhia enxerga
esta relação como uma oportunidade para o desenvolvimento dos novos
colaboradores. Por esse motivo, a direção não vê a descontração e as atividades
fora do ambiente de trabalho como uma antítese ao comprometimento. A proposta da
companhia é justamente aliar um ao outro e até o momento esse "casamento" trouxe
frutos importantes para a empresa. Dentre esses, podem ser citados o fato de que
os colaboradores enxergam que existem diferenciais entre a Stone Age em relação
às outras empresas. Isso, consequentemente, faz com que eles se sintam
valorizados. Ao mesmo tempo, há a valorização da empresa, que observa um
despertar entre os colaboradores um senso de responsabilidade e de manutenção do
negócio, o que reforça o compromisso de cada um.
Como fica o papel do líder - Como a informalidade foi
incorporada à empresa desde a sua criação, a atuação das lideranças não é
prejudicada diante do ambiente sem cerimônias. Para a organização, cabe às
lideranças saber direcionar e aproveitar a descontração como oportunidade para
motivar suas equipes. "Vejo que as lideranças também são de suma importância
para criar, junto às ações da área Recursos Humanos, o ambiente descontraído e
comprometido com o trabalho. O importante neste caso é desenvolver o conceito de
liderança dentro de cada um, afim de que cada um entenda o seu compromisso e
papel junto à equipe e empresa", sintetiza o gerente de RH.
Inclusive, ele afirma categoricamente que a descontração faz parte da cultura
organizacional bem como o compromisso de quem lá atua. "Esta é a forma que as
lideranças da empresa buscam ao gerir suas equipes e, mesmo com o crescimento,
estamos conseguindo transmitir essas premissas aos novos colaboradores e isso se
deve ao trabalho dos líderes, que vêm aproveitando as oportunidades de
desenvolvimento oferecidas e aplicando no dia a dia", enfatiza Haraguchi. Uma
das premissas valorizadas pela companhia é justamente continuar este trabalho
com todos os colaboradores, preparando-os para assumir essa postura e manter
esta cultura de compromisso e descontração aliados à qualidade do trabalho.
Receptividade de quem convive com a informalidade - Quando a
Stone Age realiza os processos de seleção, os selecionadores preocupam-se em
"ver nos rostos" dos candidatos, inicialmente um espanto, depois uma expressão
próxima ao fascínio e ao ânimo, em relação às instalações da empresa. Esse pode
ser considerado o primeiro sinal de que aquele profissional, se contratado, irá
ou não incorporar os valores organizacionais fortalecidos pela cultura.
A receptividade dos profissionais também é avaliada no convívio diário. E a
área de Recursos Humanos observa que existe uma visível sensação de motivação em
relação ao ambiente de trabalho, pois muitos destes colaboradores visitam e
frequentam os clientes da empresa. Isso dá a eles a oportunidade de conhecer
ambientes formais e conviver com a realidade mais comum e oferecida pelo
mercado. Tais experiências trazem para estes talentos humanos o mundo real da
pressão e do estresse, com as mesmas cobranças de comprometimento, porém sem
muitas das liberdades e das oportunidades que são propostas pela Stone Age Tech.
Retorno da informalidade - Ao ser indagado sobre os impactos
que essas ações geram ao clima organizacional e à performance dos funcionários,
o gerente de RH diz que a valorização da empresa e dos próprios colaboradores é
a mais evidente. "Temos um programa de desenvolvimento e outro de qualidade de
vida. Ambos trazem benefícios para a empresa e para os profissionais. O fato de
você poder sair do ambiente normal, realizar uma atividade diferente do seu
cotidiano é de suma importância para todos. Na prática, isso estimula o
surgimento de novas ideias, ou mesmo auxilia colocar em prática o que chamamos
de pensar fora da caixa. Acreditamos que além de criar um clima fraternal essas
atividades permitem a discussão e a troca de experiências, pois por serem
realizadas com colegas de trabalho, o assunto dos desafios e dificuldades sempre
vem à tona", complementa.
Mas e se um funcionário confundir a abertura para um ambiente de trabalho
informal com "bagunça", a empresa tem um procedimento a adotar. Primeiramente a
conduta do colaborador é avaliada, de forma que possa se conversar e
conscientizar o funcionário sobre o comportamento dele. Como a cultura da
empresa é a de aliar a descontração e o compromisso para conseguir superar os
desafios do trabalho, tanto a área de RH como os gestores deixam claros os
valores corporativos. Nesse ponto, a abertura ao diálogo e às sugestões de todos
dentro da empresa tornam-se fundamentais, para que não haja qualquer tipo de
constrangimento.
"Apesar de a descontração trazer, aos olhos de muitos, a sensação de bagunça,
nossa realidade de trabalho é em um ambiente descontraído e despojado", menciona
Taian Haraguchi, ao lembrar que a importância está em trazer às pessoas uma
experiência no trabalho mais agradável e não somente uma proposta de realização
profissional. Muitas empresas, alerta ele, oferecem ascensão de carreira, mas
nem todas procuram trazer qualidade de vida ao trabalho ou mesmo aproveitar as
oportunidades para implantar algo inovador ou criativo.
Para a Gestão de Pessoas da empresa, não basta procurar talentos. É preciso
mantê-los na organização, ao mesmo tempo em que é necessário cuidar e tomar
medidas para que o ambiente corporativo seja, de fato, um lugar onde as pessoas
possam sentir-se confortáveis e satisfeitas. É muito importante gostar do seu
trabalho, isso ajuda a manutenção do casamento entre o compromisso e a
descontração, as pessoas podem fazer o que elas escolheram. Então, por que não
se divertir e trabalhar ao mesmo tempo?
"Muitos profissionais comentam sobre o estresse e a posição que tomamos em
frente aos computadores. Movimentamos-nos menos, fechamo-nos mais na relação com
a máquina e geralmente esquecemos até de trocar idéias com os colegas. Por isso,
incentivar o convívio através de outras atividades e promover a qualidade de
vida é importante para nos mantermos como pessoas, não operadores e analistas de
máquinas", alerta Haraguchi.
Mensuração dos resultados - Para avaliar as ações que são
adotadas, a organização elabora ou solicita relatórios dos prestadores de
serviços e, para ações pontuais, são realizadas as chamadas avaliações de
reação. Ao mesmo tempo, em reuniões com diferentes equipes, busca-se receber um
feedback dessas atividades. Através dos relatórios, é possível verificar a
participação do colaborador, bem como sua evolução.
No caso do shiatsu e da acupuntura, por exemplo, cada participante
possui uma ficha de acompanhamento. Para os esportes cada um faz a avaliação
funcional com intervalos de três a quatro meses. Para a empresa, receber o
feedback dos funcionários com relação às ações é algo muito positivo, pois é
visto como algo interessante e diferente, ou uma forma de aliviar as pressões do
dia a dia de trabalho. "Mesmo com o crescimento sentimos a manutenção do bom
clima organizacional e da receptividade dos profissionais, sinto que há a
vontade de cada um em manter o bom ambiente", finaliza o gerente de RH.