Anualmente, temos a possibilidade de acompanhar indicadores de qualidade 
sobre o ambiente de trabalho de grandes empresas. A partir dos resultados desse 
tipo de pesquisa, podemos inferir que há uma grande relação entre os esforços 
corporativos para a criação de um ambiente de trabalho agradável e o sucesso 
financeiro. Não penso apenas no espaço físico do escritório, mas, 
principalmente, na motivação, no engajamento e no bem-estar mental dos 
colaboradores.
Deixamos há algum tempo o paradigma de empresas que apostam fortemente em 
estruturas horizontalizadas, verdadeiros símbolos de stress e do desgaste gerado 
por longas jornadas de trabalho, tendo como figura central o chefe mal-humorado 
e extremamente exigente. A ideia agora é fazer com que as pessoas trabalhem com 
muito foco, por um período de tempo menor, gerando mais resultados. A fórmula 
parece não bater, mas, no final das contas, as grandes empresas têm tirado 
proveito dessa mistura de alta performance e investimento dos funcionários em 
suas vidas pessoais.
Observe que, em nenhum momento, disse que há a necessidade de grandes 
investimentos, mas, sim, de uma preocupação verdadeira sobre como os 
funcionários podem deixar à mostra o melhor de suas competências. Isso quer 
dizer que todas as empresas, independentemente do seu porte, podem estabelecer 
políticas de gestão de pessoas que possam conciliar o bem-estar físico, 
financeiro e mental.
Especialmente para os profissionais das gerações mais recentes, a realização com 
o trabalho é um ativo mais importante que a própria remuneração. Traduzindo, 
nessa nova realidade, as organizações devem ter propósitos financeiros e sociais 
capazes de trazer satisfação aos funcionários durante suas jornadas. Gerenciar 
grandes volumes de dinheiro ou tocar projetos no exterior não são os únicos 
objetivos de quem pensa grande. Por isso, questões como sustentabilidade e 
voluntariado tem ganhado tanto espaço dentro da iniciativa privada.
Planos de saúde, salários adicionais ao final do período fiscal e cursos pagos 
pela companhia não são mais diferenciais, mas itens básicos para aquele que 
escolhe uma empresa para trabalhar. Agora, o desafio dos gestores de RH é 
possibilitar, por exemplo, que os profissionais tenham tempo para praticar 
esportes durante a semana e a disponibilidade de levar seus filhos à escola pela 
manhã. Os jovens, particularmente, querem ter a certeza que poderão flexibilizar 
seus horários por conta de cursos de desenvolvimento ou mesmo viagens.
O importante é ter em mente que o investimento em pessoas traz apenas um 
resultado: benefícios, para a empresa e para seus funcionários. Além de pessoas 
mais felizes, a realização é capaz de gerar estímulos para que os colaboradores 
acionem energias interiores que elevam os índices de produção, tanto em 
quantidade quanto em qualidade.
Renato Grinberg é diretor Geral do portal de empregos Trabalhando.com.br e 
especialista em carreiras e mercado de trabalho. Grinberg desenvolveu sólida 
carreira internacional, tendo trabalhado em empresas como a Sony Pictures e a 
Warner Bros., nos EUA. Na Warner, foi selecionado para um programa de 
desenvolvimento de executivos onde apenas quatro profissionais eram selecionados 
por ano entre centenas de candidatos vindos dos mais prestigiados MBAs 
americanos.