Selecionar o profissional adequado pode significar o sucesso ou o fracasso de 
um negócio. Se você considera difícil contratar um profissional, não se 
preocupe. Patrick Hollard, diretor-geral da Michael Page América Latina, 
especializada na seleção de executivos para média e alta gerência, também acha. 
"Contratar não é uma ciência exata, não existe risco zero", afirma. "Mas hoje o 
grande diferencial competitivo das empresas está nas pessoas. Por isso, a 
escolha do candidato impacta no futuro dos negócios. E selecionar o profissional 
inadequado pode significar um grande prejuízo." 
Pensando em ajudar os executivos na tarefa de montar suas equipes e também em 
desmistificar o processo de contratação para os próprios profissionais, Hollard 
e Charles-Henri Dumon, que criou e dirige o escritório francês da Michael Page, 
escreveram o livro Contratando os Melhores, lançado esta semana pela Editora 
Larousse. 
"Uma contratação precisa de muitas coisas para dar certo, mas de poucas para 
dar errado", comenta Hollard. Um dos fatores determinantes para uma seleção é a 
definição correta do perfil desejado para o cargo. "Não há candidatos bons ou 
ruins, o que existe é o perfil adequado ou não", diz. É comum, segundo ele, que 
a empresa deseje encontrar um candidato que não existe no mercado, pretenda 
pagar um salário menor do que aquele profissional com determinadas 
características costuma ganhar. Ou, ainda, estabeleça pré-requisitos 
desnecessários. 
"Ocorre de solicitarem alguém com fluência em espanhol, por exemplo, mas, ao 
avaliar as atribuições do cargo, percebemos que esse conhecimento não é 
necessário para o dia-a-dia do profissional naquela posição", conta Hollard. "Ao 
questionarmos a organização, recebemos a resposta de que há a possibilidade de 
algum dia eles terem um cliente ou alguma operação em um país no qual a fluência 
no idioma seja necessária." 
Assim, quanto mais distante das possibilidades concretas do mercado, mais 
longa e difícil será a escolha final. A solução proposta no livro é a de 
concentrar-se nos traços essenciais do perfil desejado. Ou seja, nas 
competências, nas atitudes e nas motivações. "O trabalho de seleção consiste em 
promover um casamento bem-sucedido entre as necessidades e expectativas da 
empresa em relação ao profissional e vice-versa", afirma Rollard. 
Outro problema comum na escolha de profissionais é o medo de se contratar 
alguém que parece ser tão bom ou melhor do que o próprio superior imediato. 
Isso, no entanto, não protege o executivo que está selecionando o candidato. Ao 
contrário, pode impedir que seja promovido por não haver ninguém em sua equipe 
capaz de ocupar o seu lugar quando uma oportunidade de crescimento surgir. 
"Não tenha medo de contratar pessoas melhores do que você. O ganho superando 
esse receio, que considero natural e compreendo, é muito maior", aconselha 
Hollard. "Já aconteceu de identificarmos um profissional dentro da própria 
empresa com perfil para uma vaga, mas ele não ser considerado porque, caso 
mudasse de área, haveria um problema para substituí-lo", explica. 
Além disso, ele lembra que já há empresas que avaliam os executivos por sua 
capacidade de formar equipes e desenvolver pessoas. "Um bom líder trabalha menos 
porque tem uma equipe para qual pode delegar tarefas importantes", lembra 
Rollard. Uma outra vantagem em ter pessoas inteligentes como parceiras é a 
possibilidade de encontrar soluções mais criativas e com mais rapidez. Afinal, 
duas cabeças pensam melhor do que uma. 
E, como último argumento há o fato de que ninguém pode fugir da velocidade 
com que o rumo dos negócios muda e a necessidade de acompanhar essas mudanças. 
Ninguém mais está seguro em cargo algum e nenhum executivo passa mais de cinco 
anos exercendo a mesma função. "Não adianta tentar se esconder debaixo da mesa."
Ainda em relação ao perfil do candidato, vale a pena considerar pessoas que 
fogem à regra. "A formação e a experiência são importantes, mas o perfil pessoal 
hoje é muito mais determinante para o sucesso de um profissional em uma 
posição", afirma Rollard. Entre as características pessoais fundamentais estão a 
capacidade de adaptação, a energia para trabalhar e a capacidade de motivar as 
pessoas. 
Mas a contratação bem-sucedida não depende somente da definição adequada do 
perfil por parte das empresas. Ela é influenciada também pelo quanto aquele 
candidato está consciente a respeito de sua decisão em aceitar aquele trabalho. 
"Muitos executivos querem mudar de empresa porque estão insatisfeitos com o que 
fazem. Mas não sabem exatamente o que os incomoda naquela situação", diz. 
Ele recomenda que o profissional se pergunte porque não gosta de seu trabalho 
atual e questione se não é possível propor alguma mudança que torne a situação 
satisfatória. Caso não seja possível, determinar que contexto de trabalho os 
agradaria e qual sua expectativa de crescimento. "Com isso em mente vale a pena 
ir para o mercado e testar sua empregabilidade. Conhecer quais as demandas das 
empresas nas quais pretende atuar e verificar se suas competências estão sendo 
valorizadas para tais posições." Para Rollard, buscar uma vaga é uma ação de 
marketing.